Formação Social e Pessoal: Conflitos



Em nosso dia a dia, lidamos com várias situações
que envolvem a formação social e pessoal de nossas crianças,
como as de conflito.
É importante que a turma tenha uma lista de combinados,
registrados sob a forma de cartaz (por exemplo),
para que as regras de convivência da turma fiquem claras
para todos e que possam ser consultadas
sempre que necessário.
As pesquisas de mais de 20 anos de DeVries e Zan trazem valiosas sugestões
para que possam refletir sobre nosso papel
enquando mediadores das relações que acontecem
na sala de aula.
O texto abaixo é uma adaptação que fiz do capítulo 5.


O CONFLITO E SUA RESOLUÇÃO
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Os conflitos são inevitáveis em uma sala de aula ativa, onde ocorre a interação social. O conflito e sua resolução são essenciais na busca de uma convivência cidadã.
Se todos os adultos tivessem a capacidade para resolver conflitos interpessoais, teríamos a paz mundial.
Na teoria construtivista, o conflito é classificado por Piaget em duas formas: intra-individual (dentro do indivíduo) e interindividual (entre indivíduos).
O conflito intra-individual é uma fonte particular de progresso no desenvolemento cognitivo.
Ele afirmava que o conflito interindividual pode promover o desenvolvimento tanto moral quanto intelectual. Ele oferece um contexto no qual as crianças tornam-se conscientes de que os outros têm sentimentos, ideias e desejos.
Os estudos de Rheta DeVries e Betty Zan nos sugere atitudes gerais para lidar com os conflitos das crianças:

1. Seja calmo e controle suas reações: com a prática é possível que o professor parece calmo em estados de perturbação que as crianças atingem, algumas vezes. É importante transmitir tranquilidade às crianças. Dica: controle sua linguagem corporal, expressões faciais e o tom da voz. As crianças aprenderão a receber essa força tranquila como um apoio na condução das dificuldades.

2. Reconheça que o conflito pertence às crianças: o professor não deve assumir o problema das crianças. Devemos apoiar e facilitar a resolução dos conflitos pelas próprias crianças.

3. Acredite na capacidade das crianças para a solução de seus conflitos: o sucesso depende de acreditar que elas podem solucionar seus conflitos.

Princípios do ensino em situações de conflito:

1. Assuma a responsabilidade pela segurança física das crianças: devemos sempre evitar danos físicos, se possível. Se uma criança está machucando a outra, o professor deve intervir em torno do agressor evitando ferimentos. O professor deve expressar seus sentimentos em relação à situação.

2. Use métodos não-verbais para acalmar as crianças: além de dar uma resposta calma ao conflito das crianças, é bom sentar-se com as crianças, dando-lhes tempo para se recomporem antes de insistir numa conversa.

3. Reconheça / aceite / valide os sentimentos de todas as crianças e suas percepções dos conflitos: as crianças têm o direito de sentir o que sentem. É bom ouvir ambos os lados da história. Após ouvir o que eles têm a dizer, o adulto pode reconhecer os sentimentos específicos.

4. Ajude as crianças a verbalizarem sentimentos e desejos umas às outras e a escutarem o que outras têm a dizer: é importante não tomar partido, mas ajudar cada criança a compreender o ponto de vista de outra, reconhecer os sentimentos de outra criança e sentir empatia. O professor tem um papel importante como mediador, ajudando as crianças a tornarem suas ideias mais claras umas para as outras.

5. Esclareça e declare o problema: após se certificar do problema, o professor deve verbalizá-lo, para que a criança compreenda como a outra vê o que é o problema.

6. Dê uma oportunidade para que as crianças sugiram soluções.

7. Proponha soluções quando as crianças não têm ideias: quando as crianças não conseguem sugerir soluções, o professor deve propor ideias para consideração das crianças.

8. Enalteça o valor do acordo mútuo: o professor deve insistir aobre a importância de empenhar-se em fazer acordos.

9. Ensine procedimentos imparciais para resolver disputas em que a decisão é arbitrária.

10. Quando ambas as crianças perdem o interesse em um conflito, abandone-o.

11. Ajude as crianças a reconhecerem sua responsabilidade em uma situação de conflito: frequentemente, uma criança ofendida contribuiu, de alguma forma, para o conflito. É importante as crianças perceberem seu papel em um mal-entendido.

12. Dê oportunidades para a compensação, se for apropriado: as compensações preparam o terreno para o restabelecimento de uma relação amigável depois que o conflito termina. Se a criança agressora pode fazer algo para que o outro se sinta melhor, então estará menos propensa a levar consigo sentimentos de culpa ou ressentimento.

13. Ajude as crianças a restaurarem o relacionamento, mas não as force a serem insinceras.

14. Encorage as crianças a resolverem seus conflitos por si mesmas: o objetivo a longo prazo é que as crianças sejam capazes de resolver seus conflitos sem a intervenção do professor.

Fonte: "A ética na Educação Infntil", Rheta deVries & Betty Zan, Artmed Editora.

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