Matemática 30: Material Dourado
Material Dourado
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Nos anos iniciais do século XX, Maria Montessori
dedicou-se à educação de crianças deficientes que,
graças à sua orientação competiam com as crianças ditas “normais” por vagas nos
colégios públicos de Roma.
Segundo
a médica italiana, as crianças têm necessidade de mover-se com liberdade dentro
de certos limites, desenvolvendo a criatividade com experiências e materiais.
Um desses materiais propostos pela médica era o “material das contas” ou,
posteriormente, “material dourado”.
1. O que é o “material
das contas”?
Nas
palavras de Maria Montessori, o “material das contas” é “um material
destinado a representar os números sob forma geométrica. Trata-se do excelente
material denominado material das contas. As unidades são representadas por
pequenas contas amarelas; a dezena (ou número 10) é formada por uma barra de
dez contas enfiadas num arame bem duro. Esta barra é repetida 10 vezes em dez
outras barras ligadas entre si, formando um quadrado, "o quadrado de
dez", somando o total de cem. Finalmente, dez quadrados sobrepostos e
ligados formando um cubo, "o cubo de 10", isto é, 1000.
Aconteceu de crianças de quatro anos de idade ficarem
atraídas por esses objetos brilhantes e facilmente manejáveis. Para surpresa
nossa, puseram-se a combiná-los, imitando as crianças maiores. Surgiu assim um
tal entusiasmo pelo trabalho com os números, particularmente com o sistema
decimal, que se pôde afirmar que os exercícios de aritmética tinham se tornado
apaixonantes.
As crianças foram compondo números até 1000. O
desenvolvimento ulterior foi maravilhoso, a tal ponto que houve crianças de
cinco anos que fizeram as quatro operações com números de milhares de unidades.”
Embora
esse material permitisse que as próprias crianças compusessem as dezenas e
centenas, a imprecisão das medidas dos quadrados e cubos se constituía num
problema ao serem realizadas atividades com números decimais e raiz quadrada,
entre outras aplicações possíveis para o material de contas. Foi por isso que
Lubienska de Lenval, seguidor de Montessori, fez uma modificação no material
inicial e o construiu em madeira na forma que encontramos atualmente.
2. O que é e para que
serve o “material dourado”?
Este
material é destinado a atividades que auxiliam o ensino e a aprendizagem do
sistema de numeração decimal e métodos para efetuar as operações fundamentais
(os algoritmos de adição, subtração, multiplicação e divisão).
No
ensino tradicional, as crianças “aprendem” os algoritmos a partir de treinos
exaustivos, sem necessariamente entender o que estão fazendo. Com o material
dourado, a situação é diferente: as relações numéricas abstratas passam a ter
imagem concreta, o que facilita a compreensão. A criança obtém, então, além da
compreensão dos algoritmos, o desenvolvimento do raciocínio e um aprendizado
bem mais agradável.
Embora
especialmente elaborado para o trabalho com aritmética, a idealização deste
material seguiu os mesmos princípios montessorianos para a criação de qualquer
um dos seus materiais, a educação sensorial:
- desenvolver
na criança a independência, confiança em si mesma, a concentração, a
coordenação e a ordem;
- gerar
e desenvolver experiências concretas estruturadas para conduzir,
gradualmente, a abstrações cada vez maiores;
- fazer
a criança, por ela mesma, perceber os possíveis erros que comete ao
realizar uma determinada ação com o material;
- trabalhar
com os sentidos da criança.
O nome "Material
Dourado" vem do original "Material de Contas Douradas". Em
analogia às contas, o material apresenta sulcos em forma de quadrados. Este
material é constituído por cubinhos, barras, placas e cubo, que representam:
Observe que o cubo é formado por
10 placas, que a placa é formada por 10 barras e a barra é formada por 10
cubinhos. Este material baseia-se em regras do nosso sistema de numeração.
Você pode construir um material
semelhante, usando cartolina. Os cubinhos são substituídos por quadradinhos de
lado igual a 2 cm, por exemplo. As barrinhas são substituídas por retângulos de
2 cm por 20 cm a as placas são substituídas por quadrados de lado igual a 20
cm.
Este material em papel possui a
limitação de não ser possível a construção do bloco, o que é uma desvantagem em
relação ao material em madeira.
O primeiro contato do aluno com
o material deve ocorrer de forma lúdica para que ele possa explorá-lo
livremente. É nesse momento que a criança percebe a forma, a constituição e os
tipos de peça do material.
Ao desenvolver as atividades o
professor pode pedir às crianças que elas mesmas atribuam nomes aos diferentes
tipos de peças do material e criem uma forma própria de registrar o que vão
fazendo. Seria conveniente que o professor trabalhasse durante algum tempo com
a linguagem das crianças para depois adotar os nomes convencionais: cubinho,
barra, placa e bloco.
O professor, com o conhecimento
que tem de sua sala, saberá em que série cada atividade poderá ser aplicada com
melhor rendimento. Várias das atividades podem ser aplicadas em mais de uma
série, bastando, para isso, pequenas modificações.
Utilizando o material, o
professor notará em seus alunos um significativo avanço de aprendizagem. Em
pouco tempo, estará criando novas atividades adequadas a seus alunos,
explorando assim as inúmeras possibilidades deste notável recurso didático.
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Referências
bibliográficas
DALTOÈ, K. STRELOW, S. Trabalhando com material dourado e blocos lógicos nas séries iniciais.
Disponível em: .
Acesso em 23 ago. 2008.
CCDC São Carlos/USP. Programa Educar. Curso de
Matemática para professores do Ensino Fundamental I. Módulo 2, Leitura 2 – O
material dourado Montessori. Disponível em: <
http://educar.sc.usp.br/matematica/m2l2.htm#l2a1>. Acesso em 23 ago. 2008.
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